AEE

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A Sala de Recursos Multifuncionais do Centro de Educação de Jovens e Adultos - CEJA Ana Vieira Pinheiro é um espaço onde o AEE- Atendimento Educacional Especializado acontece considerando as necessidades específicas do aluno para complementar e/ou suplementar a sua formação, identificando, elaborando e organizando recursos pedagógicos e de acessibilidade que favorecem a inclusão e eliminam as barreiras para a plena participação dos alunos com deficiência, fortalecendo sua autonomia na escola e fora dela.

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Feliz por mais um presente!

  Hoje recebi a visita de um lindo garotinho, inteligente, carismático, curioso, alegre, cheio de vida e esperanças, cujos o olhar está no coração, nos ouvidos, no tato, no olfato e em todas as demais possibilidades que Deus nos deixou para ver quando a visão não é fruto dos olhos. Mais um lindo presente para nossa sala de AEE e para nossa vida. Seja bem vindo querido amigo!

Publico um artigo do blog InfoAtivo.DefNet

 A MÚSICA QUE EDUCA NÃO DEPENDE SÓ DOS OLHOS


Imagem Publicada - um dedo vidente desliza sobre um texto em Braille, uma partitura musical, à direita, e na outra metade uma mão desliza sobre as teclas de um piano. Foto Agência Fapesp.

Em TEMPOS DE CARNAVALIZAÇÃO DA VIDA... ELA CONTINUA.... VIDA NUA...

Recebi, em pleno Carnaval, duas notícias importantes, ambas tratam da cegueira, mas são incongruentes. Uma eu já difundi, é a defesa de tese de doutorado, de Fabiana Bonilha, uma jovem cega, sobre Musicografia Braille, aprovada dia 10 na UNICAMP. A ela presto a minha homenagem elogiando sua tese: “Do toque ao som: ensino da musicografia Braille como um caminho para a educação musical inclusiva”.

Mas também terei de homenagear uma outra mulher. Uma mulher cega que conseguiu passar em um concurso público, como pedagoga, em Campo Grande, Mato Grosso do Sul.
Mas ela passou, venceu esta etapa, mas não levou,como dizem popularmente. Ela foi recusada como pedagoga pois, segundo a matéria, "não poderia,sendo cega, corrigir os cadernos" de seus (im) possíveis e invisíveis alunos. Telma é o seu nome, com sobrenome Nantes de Matos, e já está sendo providenciada a sua defesa, pois foi barrada na avaliação médica, após uma sonora risada profissional.

Ao meu colega médico que barrou a Telma envio minha orientação de que urgentemente se atualize. O que é válido para todos os outros profissionais de saúde do País. Já faz mais de 09 anos que a Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde, a CIF -2001, foi promulgada pela OMS, Ela deveria já ter sido incorporada pelos responsáveis por perícias, avaliações ou reprovações médicas,em especial nos serviços e concursos públicos. É preciso que o Estado, assim como os seus servidores públicos, assuma a sua posição de primeiro a cumprir e fazer valer as mudanças de paradigmas.

O modelo hoje reinvindicado por todos e todas que vivenciam uma ou mais deficiências é o chamado "Modelo Social". Este paradigma vem substituir o modelo biomédico e reabilitador. É um modelo que considera que as causas que geram as deficiências NÃO são de origem religiosas, míticas, e muito menos médicas. Repito o já dito: Deficiências não são Doenças...

É um modelo que aspira potencializar o respeito à dignidade humana, a igualdade de direitos, a não discriminação, a vida independente, e a acessibilidade universal. É o que faz com que uma pessoa cega, quando respeitada as suas diferenças e a sua diversidade funcional, possa estar em igualdade de exercício de funções sociais, quando rompidas as barreiras que o incapacitam, assim como o restante das outras pessoas consideradas videntes.

Ao afirmarmos o modelo social, ao qual incorporo a necessidade de um avanço estético-ético e político, devemos afirmar também que os direitos, em especial os Direitos Humanos, de todos e todas pessoas com deficiência é o cerne de quaisquer legislações e suas aplicações na vida social, como disse hoje cedo em entrevista telefônica para a Rádio Espaço Mulher, de São Paulo.

A música e a educação não são, e nunca foram, por si mesmas criações humanas ou espaços de aprendizagem excludentes, muito pelo contrário. Por isso uma Doutora em Musicografia Braille é tão importante como uma Pedagoga, dentro de uma visão inclusiva. A professora Nantes de Matos nos provará que, recebendo ajudas técnicas e outros auxílios, por exemplo um bom computador, poderá corrigir todos os cadernos e rabiscos de quaisquer alunos, com ou sem deficiência.

Porém, para que isso ocorra a Inclusão escolar não pode ser uma concessão. Deve ser um processo intrinsicamente ligado às políticas públicas , assim como um exercício de direitos. A educação e a música, sem discriminação ou exclusão, ao se superar a desfiliação social, tornam-se direitos humanos indispensáveis.

Eu escrevi este texto sem ficar todo o tempo olhando para o teclado. Assim como me deixei emocionar pela música de Joaquín Rodrigo, em seu Concerto de Aranjuez, com as cordas de um violão vibrante de Christopher Parkening me provocando. Precisava ouvir e sentir-me afetado, principalmente pelo belíssimo Adagio, tão popular como tema de milhares de propagandas que nos cegam e iludem para o máximo de consumo.

Mas o que me levou a este músico, pianista e compositor? É que Joaquín Rodrigo Vidre era um homem cego desde a mais tenra idade. É o compositor de uma das principais peças de música clássica mais executadas no Ocidente vidente. Ele é para os meus ouvidos e meu coração uma música que não depende só dos olhos, daí ter tentado uma escrita automática saindo direto de meu âmago, sem a vigilância do olhar.

Experimentem a ponta de seus dedos, sensibilizem-se com a possibilidade de tratar um teclado como se tocassem, incorporando um pouco de Joaquin Rodrigo, um piano imaginário. Um piano que a cada tecla tocada gerasse um som esclarecedor para os ouvidos/mentes dos políticos, magistrados, promotores, médicos e demais encarregados de reconhecer o direito de Telma, assim como o de Fabiana, de serem propagadoras de letras, partituras ou músicas que nos transformem em eternos aprendizes.

copyright jorgemarciopereiradeandrade 2010/2011 (favor citar a fonte em reprodução,difusão ou multiplicação livre deste texto)

Para reflexão com nossas mentes em abertura, Alegro ma non Troppo, recomendo o trecho da matéria abaixo:

Segundo Telma Nantes, quando teve que ser entrevistada pela equipe multidisciplinar da Secretaria de Educação, foi surpreendida pelas risadas de um médico que teria dito: “Como você pensa que vai ensinar desse jeito?”.


“Foi um ato de discriminação devido o preconceito da equipe multiprofissional com pessoa de deficiência”.

“Na hora eu fiquei quieta por medo de não ser nomeada. Eu sei que o prefeito não sabe o que acontece, mas todo professor tem um auxiliar. Eu que crie as minhas metodologias ou seja adequada a um espaço porque tenho certeza que tenho muito o que contribuir ...


Fontes:

Sobre a Pedagoga Telma - Instituto ajuda a cegos construirem a sua autonomia http://www.jfms.gov.br/news.htm?id=2679

Professora Cega passa em Concurso mas é Barrada: http://www.perolanews.com.br/?nav=noticia&n=1852

http://noticias.r7.com/vestibular-e-concursos/noticias/pedagoga-passa-em-concurso-mas-nao-consegue-assumir-a-vaga-por-ser-cega-em-campo-grande-ms-20100212.html

Sobre a Profª Drª Fabiana Bonilha http://www.todosnos.unicamp.br:8080/lab/partituras-em-braille

Partituras em Braille http://www.agencia.fapesp.br/materia/11759/partituras-em-braille.htm

PARA VER, OUVIR OU APENAS SE ENCANTAR - Concerto de Aranjuez - http://www.youtube.com/watch?v=e3_sML4prLE

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